NEUROSE E SUA RELAÇÃO COM O TEMPO E PROCRASTINAÇÃO

Quando falamos sobre PROCRASTINAÇÃO, embora seja importante pensar nas novas tecnologias da informação e comunicação e a ‘‘modernidade líquida’’, como defende o pensamento de Zygmunt Bauman, (sociólogo polonês) ao falar sobre o tempo presente e a sua inconstância e fluidez, é preciso pensar no que está se passando dentro dessa engenharia interior, que é a psique humana.

De certo modo, esses aspectos promovem uma pressão psíquica no sujeito. Mas não é só isso. À luz da Psicanálise, é preciso pensar acerca das obsessões nas quais o sujeito não possui total controle e que turva o pensamento, o foco e o movimento de Eros em direção àquilo que tem que fazer.

O texto Neurose ‘‘Obsessiva e o Tempo’’, de Karla Martins, Osvaldo Martins e Natercio Capote, fala bem sobre esses aspectos. Nele, esses autores defendem o pensamento de que existem alguns obsessivos que apresentam ‘‘uma espécie de inflação no estatuto do tempo’’ e que além de suas contagens e ritos, há também a PROCRASTINAÇÃO e ‘‘sua cronometria demonstrariam a marca da dimensão do Outro’’.

Hoje o sujeito tem carência de tempo e nesse contexto, a energia psíquica está sendo sugada por vezes por um RECURSO OBSESSIVO que o afasta do verdadeiro desejo, embrenhado pelas fantasias e atravessado pelo tempo. A demanda do tempo trata-se de um ‘‘DESCOMPASSO TEMPORAL DO NEURÓTICO’’ e está emaranhado por essas vias pelas quais o sujeito tende a buscar responder o tempo do Outro, em detrimento do seu próprio desejo.

É evidente que trata-se de um aspecto inerente à constituição típica da neurose e nesse contexto há uma questão temporal atravessando o sujeito. Inflação dos pensamentos procrastinação tem si também uma relação com o tempo. O neurótico busca resolver algo pra já, quando se fixa no objeto, porém, enquanto que seu objeto de fixação é arrastado para o momento presente (É para já! Tem que ser agora!), aquilo que não convém, costuma ser afastado para o futuro, na medida que aquilo lhe retrai.

Freud mostrou que a Neurose Obsessiva é resultado do horror do sujeito à castração por meio do qual surgem ambivalências na relação transferencial, o que envolve também a relação sintomática do sujeito com o tempo, como se houvesse uma luta por se defender costantemente da morte. Da mesma forma que inconsciente está operando com a utilização de mecanismos de defesa como o recalque e a repressão, na Neurose Obsessiva, a dinâmica se dá pelo DESLOCAMENTO.

A neurose obsessiva funciona com o mecanismo de defesa ‘‘deslocamento’’ a partir do momento que o exercício dessa pulsão é direcionado para algo, deslocando-se para um objeto e fazendo com que a ação se repita, como forma de se atenuar ou evitar algo que lhe traz desconforto (algo que pressione, algo que lhe dar desprazer, algo que lhe dá compromisso, culpa, etc.). Daí a explicação para pessoas que, ao buscar amortecer um sofrimento psíquico, busca algo para descarregar a energia libidinal provocada pela angústia: pode ser alimento, bebida, filmes, celular, etc.

Em outras palavras, os sintomas da neurose obsessiva podem se apresentar como uma anulação e exclusão do desejo de algo, na medida que a sua dinâmica se expressa pela tentativa de se livrar do desejo, buscando incessantemente o escoamento libidinal no objeto para o qual a libido foi deslocada. Isso claramente pode se tornar um fator prepoderante para a PROCRASTINAÇÃO, na medida que o objeto da obsessão, traz uma mudança de foco.

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