PROCRASTINAÇÃO: A DINÂMICA ENTRE PRAZER/DESPRAZER

Em Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901), Freud fala sobre situações oriundas do inconsciente que regem a vida do cotidiana do sujeito e que, de certo modo, interferem no aparelho psíquico, a exemplo de atos falhos, lapsos de memória e o adiamento de compromisso que, por vezes, pode ser apresentar como uma resistência.

A procrastinação possui uma relação intrínseca com o ato de desejar. Cabe ao analista observar se o discurso do paciente, entre outros aspectos, aponta para uma interferência no alcance da realização de algo, mas acima de tudo, de onde partem as suas resistências, provocadas por mecanismos que vêm da dinâmica do ego, que impedem a movimentação do aparelho psíquico na direção de um determinado objeto.

Por vezes, percebe-se que o que faz com que o sujeito adie algo para se fazer – mesmo que seja de grande valor – é a representação que há entre aquilo que ele tem para fazer e o funcionamento psíquico, mas essa não é a única dinâmica existente. Nesse contexto, é necessário encontrar os pontos inconscientes que convergem e que intermediam a relação que há especialmente entre prazer/desprazer, conforto/desconforto e até mesmo a mudança de olhar, no que se refere ao direcionamento da libido.

A procrastinação, nesse contexto, pode estar relacionada com objeto na sua relação representativa, na relação com as suas fantasias. As teorias de Freud, nesse sentido, dão a nós um norte para que se possa compreender esse ato, no sentido de que a própria atitude evitativa é provocada pela dinâmica do ego.

Nesse contexto, conteúdos inconscientes devem ser observados, com a finalidade encontrar as raizes que surgem no contraste elaborado por dicotomias como prazer/desprazer, mas também aspectos que envolvem uma mudança no direcionamento voltado para um determinado objeto, como o apego a algo ou à própria zona que proporciona conforto.

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